Amai toda a gente com um grande amor de
caridade, mas reservai a vossa amizade profunda para aqueles que podem
compartilhar convosco coisas boas. […] Se as compartilhardes na área de
conhecimento, a vossa amizade é sem dúvida louvável; mais ainda o será se as
comunicardes no campo da prudência, da discrição, da força e da justiça. Mas se
o vosso relacionamento é baseado no amor, na devoção e na perfeição cristã, oh
Deus, como a vossa amizade é preciosa! Ela será excelente porque vem de Deus,
excelente porque busca a Deus, excelente porque o seu vínculo é Deus, porque vai
durar para sempre em Deus. Como é bom amar na terra como se ama no céu, aprender
a amar neste mundo como faremos eternamente no outro!
Não me refiro
ao simples amor de caridade, porque ele deve ser levado a todos os homens; falo
da amizade espiritual, em que dois ou três ou vários comungam na vida espiritual
e se tornam um só espírito (cf Act 4,32). Compreende-se que tais almas possam
cantar, felizes: «Como é bom e agradável os irmãos viverem em união!» (Sl 132,1)
[…] Parece-me que todas as outras amizades são apenas uma sombra desta. […] Os
cristãos que vivem no mundo têm necessidade de se ajudar uns aos outros através
de santas amizades; desta forma, encorajaram-se, apoiam-se, levam-se mutuamente
para o bem. […] Ninguém pode negar que Nosso Senhor amou São João, Lázaro, Marta
e Madalena com uma amizade mais suave e mais especial, porque a Escritura o
testemunha.
Introdução à vida devota, III, 19
São Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra, doutor da Igreja
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