Comentário do Evangelho, por Frei Heliodoro
Dois discípulos de
Jesus voltavam para casa tristes, desanimados e solitários, porque pensavam que
Jesus estava morto. Quantos discípulos de Emaús têm existido ao longo da
história!... caminhantes sem rumo pela estrada da vida; pensadores meditando
sozinhos as ilusões perdidas; pessimistas míopes frente aos acontecimentos que
configuram o mistério da vida. Há cristãos tristes, mesmo sabendo que Jesus
ressuscitou e está vivo.
É um mistério saber
que Deus caminha ao lado do ser humano sem ser reconhecido. Não deixa de
surpreender que Jesus esteja perto de cada um, no mesmo momento que criticamos
a sua ausência. Sim, Jesus vai sempre caminhando ao nosso lado. Quando
recebemos e aceitamos com fé e humildade a Palavra de Deus, toda ignorância e
fraqueza humana são superadas.
Onde está o senhor?
Permitimos que ele caminhe ao nosso lado? Não será que estamos caminhando num
mundo feito a nossa medida, sem conexão alguma com o Ressuscitado? Estas
interrogações são semelhantes aos dos discípulos de Emaús de nossos dias, toda
vez que voltamos desanimados e deprimidos por tantas decepções e situações que
nos apresentaram como fantásticas e que nos levaram à frustração. Necessitamos
regressar do caminho da desesperança para encontrar-nos com o Senhor, pois Ele
saiu fiador da nossa salvação e da nossa felicidade. Do contrário seremos, como
em frase do Papa Francisco, semelhantes aos morcegos, acostumados a escuridão e
a fugir da luz. Jesus disse: ‘eu sou a
Luz do mundo...’.
Reconheçamos o
Senhor lá onde nos encontramos! Não esperemos por sinais extraordinários. Tudo
e nada nos fala de Deus. Tudo e nada nos mostra o Senhor. Isto não é jogo de
palavras, é realidade pura, pois só quem vive a ideia firme de que o Senhor
caminha sempre ao seu lado, será capaz de senti-lo presente na sua vida. Não
são os olhos da cara, mas os olhos da fé que permitem ver e sentir junto a nós
o Cristo ressuscitado.
Como os de Emaús
desandemos a correr o caminho para ir ao encontro dos demais e anunciar-lhes
que reconhecemos Jesus na alegria de partir e compartir com Ele e com os
demais, a Eucaristia.
Frei Heliodoro Fernandez, oar
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