Não se corre o risco de tratar o texto sagrado como se fosse um livro mágico?
Por: Padre ANTONIO RIZZOLO
Pergunta: costumo abrir aleatoriamente uma página da Bíblia para buscar consolo e indicações concretas sobre as escolhas da minha vida, mas nem sempre encontro as respostas que procuro.
Resposta: suas palavras me fizeram lembrar o livro “O poder e a glória”, de Graham Greene. A história, ambientada no México durante as perseguições anticlericais, tem como protagonista um sacerdote bêbado, que no final cria coragem para comportar-se como um herói.
Certo dia, esse sacerdote encontrou uma Bíblia em uma casa e, dentro dela, uma folha com as passagens para ler nos momentos tristes, alegres, em caso de necessidade etc. Ele ficou perplexo diante deste uso da Bíblia.
Eu também não sou da ideia de abrir o texto sagrado para encontrar uma resposta imediata para as próprias necessidades.
Pior ainda quando se escolhe uma página aleatoriamente, porque neste caso se corre o risco de tentar o Senhor. A Bíblia não é um livro mágico, mas contém a revelação de Deus aos homens. Uma revelação progressiva, dentro de uma história, que culmina em Cristo, morto e ressuscitado por nós.
A Bíblia nos apresenta a história da salvação, a relação de amor entre Deus e o seu povo. Voltar a ler, de vez em quando, uma passagem desta história, inclusive aleatoriamente, é algo bom, mas precisa ser feito com fé, sem implicações supersticiosas.
A leitura precisa, além disso, ser acompanhada pela oração e feita em comunhão com a Igreja, pedindo, em caso de necessidade, a ajuda do pároco ou de uma pessoa especialista.
O Papa Francisco já falou de um esquema para ler a Bíblia em um ano. Na Escritura, é o próprio Deus quem dialoga conosco. Isso acontece sobretudo na liturgia. Por isso é que existem lugares que publicam o Evangelho de cada dia com um breve comentário. Para que, ao compreender a Palavra de Deus, possamos colocá-la em prática.
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