Não há dúvidas de que a família está em crise. À luz da história, no entanto, é mais exato dizer que a família nasceu em crise. O plano primordial do Criador para o homem e a mulher - que vivessem o amor, como imagem do amor com que Deus os criou -, infelizmente, foi perturbado pelo pecado original. O Catecismo da Igreja Católica destaca que, “desde sempre, a união de ambos foi ameaçada pela discórdia, pelo espírito de dominação, pela infidelidade, pelo ciúme e por conflitos que podem chegar ao ódio e à ruptura" [1].
Mas, como é verdade que “Deus todo-poderoso (...), sendo soberanamente bom, nunca permitiria que qualquer mal existisse nas suas obras se não fosse suficientemente poderoso e bom para do próprio mal, fazer surgir o bem" [2], Ele mesmo enviou, na plenitude dos tempos, o seu Filho, para redimir não só o homem, mas também todas as suas relações, de que se sobressai a união entre o homem e a mulher. Elevando o matrimônio à dignidade de sacramento, Nosso Senhor fez da aliança conjugal um sinal de Seu amor pela Igreja e um meio para a santificação e o crescimento mútuo dos esposos.
Se o seu casamento começou do jeito certo, com a graça do sacramento e a bênção da Igreja, meio caminho já foi andado. Agora, é preciso conformar-se ao dom recebido e educar-se a partir da moral católica e da cartilha dos santos, para transformar a sua família em uma autêntica Igreja doméstica. Seguem algumas breves dicas para continuar bem o caminho ou, quem sabe, colocar o seu relacionamento no eixo. São palavras da sabedoria de dois mil anos da Igreja, que com certeza ajudarão na construção do seu lar.
1. Ninguém pode saciar plenamente o seu coração
A primeira advertência pode parecer desalentadora, mas é, sem dúvida, a mais importante de todas: ninguém - absolutamente ninguém - pode saciar o seu coração. Muitas pessoas hoje se casam para “serem felizes", com a esperança de que os seus esposos e as suas esposas as completem e montem para elas um “pequeno paraíso" nesta terra. Após um tempo, quando elas caem em si e percebem que o paraíso prometido não veio - e nem virá -, bate o desespero e a desilusão: afinal, o que deu errado?
O casal que entra nessa crise deve entender que nenhuma criatura pode saciar a sede de infinito do homem. Este só se realiza plenamente quando encontra o único Outro que o transcende: Deus.
“Fizestes-nos para Vós, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Vós" [3], reza Santo Agostinho. Mais do que ser companheiro para uma pessoa do sexo oposto, o ser humano foi “constituído à altura de 'companheiro do Absoluto'" [4], como ensinou São João Paulo II. Mais do que um pacto matrimonial, o homem foi feito para uma aliança eterna com Deus.
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