Freira teve processo de beatificação iniciado pelo Papa Francisco
“Quando a gente sabe bem onde vai, é muito raro que os nossos passos saiam do caminho”. A frase foi dita pela freira Maria Teresa de Jesus Eucarístico (1901-1972) e revela um pouco da sua personalidade firme com as demais religiosas. A fala foi gravada por freiras em 1958, em uma conversa com Maria Teresa, em São José dos Campos (SP). As 'virtudes heroicas' da freira tiveram reconhecimento do Papa Francisco nesta quinta-feira (3), quando foi dado início no seu processo de beatificação e canonização.Maria Teresa nasceu em São Paulo, em 20 de janeiro de 1901 e chegou em São José ainda jovem para se tratar de uma tuberculose e decidiu permanecer na cidade, onde começou a atender mulheres e jovens doentes e fundou a Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.De estatura baixa e um pouco franzina, a freira é descrita como calma e de postura firme, segundo irmãs que conviveram com ela. “Ela era muito alegre e bondosa, mas sempre firme. Era muito querida e não precisava falar muito. Quando ela olhava, a gente já sentia o que havia acontecido”, disse .Em São José, a freira ia até a casa de pessoas doentes para atividades religiosas. “Ela não levava a esperança de cura. Levava a esperança de Deus para elas enfrentarem a doença. Ela não era médica, mas era muito ungida e querida. Foi com essa perspectiva que ela conseguiu realizar seu trabalho”, diz Maria Geovana, que conheceu a freira em 1966, quando chegou ao Sanatório Maria Imaculada, também fundado por Maria Teresa, em São José dos Campos.
Sanatório Maria Imaculada
Atualmente, o local atende apenas idosos e abriga 79 freiras. O complexo possui os aposentos das religiosas, espaços para orações, uma capela – onde estão os restos mortais da freira – e o quarto onde Maria Teresa vivia. Lá, estão objetos deixados pela freira antes de morrer, em 1972.No quarto onde a freira passou seus últimos dias estão livros, uma escrivaninha, objetos pessoais, fotografias, talheres e até mesmo um revólver de brinquedo, utilizado por ela para enfrentar um bandido que tentou invadir o sanatório. A congregação criada por ela conta com cerca de 200 freiras dentro e fora do país e realiza trabalhos em hospitais como Antoninho da Rocha Marmo, asilos e creches.
Comemoração
Após o anúncio do início do processo de beatificação, o clima no sanatório da cidade foi de comemoração. “Essa notícia permeou toda congregação. Foi como uma transfusão de sangue nas irmãs, eu senti isso”, disse a responsável pelos atuais trabalhos.A freira Maria Domitila de Jesus, de 93 anos, também conviveu com Maria Teresa e ficou emocionada com o início da beatificação. “É uma coisa que estamos sonhando há muito tempo. Sinto uma emoção profunda e não queria ‘ir embora’ antes de acontecer isso”, afirmou a religiosa.Domitila conheceu a freira em 1946, quando chegou ao sanatório. “Acompanhava ela de perto e tive o privilégio de dormir no quarto com ela quando ela estava doente”, recorda. Ela também reforça a personalidade da freira, que apesar de fisicamente frágil, tinha posição firme quanto a ensinamentos. “O que ela foi para nós é incapaz de se traduzir. Ela era uma mãe verdadeira”.“Ela achou muito precário o modo como as pessoas eram tratadas, especialmente as jovens e mulheres. A partir daí, ela começou a fazer esse trabalho”, afirmou a responsável pela congregação, Maria Geovana do Menino Jesus, de 69 anos, que conviveu com a ‘venerável’.
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