Mesmo no cerco da maldade nós outros estamos chamados à permanência. E esta deve ser sem pôr-se de joelhos. Ante a desorganização vital que nos rodeia, as carnes debilitadas e feridas, carcomidas e tomadas pela enfermidade; ante ao abandono do entorno do qual esperamos fraternidade e caridade, os amigos, a vida nossa em sociedade e a vida nos seus tratos interpessoais; ante a decadência dos planos próprios, o debilitamento e fracasso dos planeamentos da vontade, da razão obscurecida por negar as Leis Eternas; ante a vida como biografia de Jó, que pergunta pelo sentido de tudo aquilo que se apresenta feio e injusto, sem sentido de bondade e sem a misericórdia da Providência; enfim, ante a Queda e suas consequências que se reproduzem como condição daquele que é livre e daquele que peca, devemos permanecer ao redor do Cordeiro. Ele ressuscita mesmo tendo para si a crudeza de sua morte, pele cravada em Cruz, injustiça exposta ao mundo e maldade daqueles que livremente escolhem distanciar-se do seu fim natural e gritar: Barrabás! Ele ressuscita e mostra-nos o verdadeiro Templo, seu Corpo, ao qual devemos permanecer rodeados. Porque mesmo no cerco da maldade nós outros estamos chamados à permanência.
Joseph Ratzinger
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