Cidade do Vaticano, 10 nov 2014 (Ecclesia)
O cardeal Jean-Louis Tauran,
que em 1989 era subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados,
recordou a queda do Muro de Berlim e destaca o contributo do Papa São João Paulo
II.
“João Paulo II dizia sempre que o sistema comunista estava
internamente minado e que mais cedo ou mais tarde haveria de cair mas ninguém
teria pensado que isto aconteceria em tão pouco tempo e, sobretudo, sem um banho
de sangue”, começa por revelar o atual presidente do Conselho Pontifício para o
Diálogo Inter-religioso (Santa Sé).
Para o cardeal Jean-Louis Tauran, a
eleição do arcebispo de Cracóvia (Polónia) como Papa, em outubro de 1978,
provocou “desconcerto” e o “sistema não funcionava mais”.
O prelado
explica os três elementos, que na sua opinião, foram essenciais para a queda do
Muro que dividia a cidade de Berlim, em 1989: “A evolução sido introduzida com a
atmosfera dos Acordos de Helsínquia e depois com a ação de dois homens,
protagonistas da história, João Paulo II e Mikhail Gorbatchov.”
“Quando
se encontraram um falava em polaco, o outro em russo e entenderam-se muito bem”,
assinala o cardeal Jean-Louis Tauran que acrescenta que o Papa preparou esta
visita “lendo uma passagem do Novo Testamento em russo”, durante um mês
inteiro.
Deste período, o cardeal francês recorda ainda como momentos que
o impressionaram o facto de na Conferência para a Segurança e a Cooperação na
Europa ter “falado com alguns diplomatas soviéticos” ou o jornal ‘Pravda’, órgão
de comunicação social oficial na União Soviética, ter publicado uma entrevista
ao patriarca Pimen, chefe da Igreja Ortodoxa russa.
O cardeal Jean-Louis
Tauran destaca também a “imensa coragem” de bispos e sacerdotes que foram
detidos e torturados, destacando que “cada século tem os seus
mártires”.
“Creio também que a maior ilusão era pensar que se pudesse ter
um ‘cristianismo de moda’, que agradasse a todos. A Cruz de Cristo é um desafio
para todos”, acrescentou o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo
Inter-religioso.
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